quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Fórmula

Creme para reduzir olheiras. Creme para suavizar pés-de-galinha. Creme para promover um efeito lifting no rosto. Creme para evitar a flacidez nos seios. Creme para apagar a celulite. Creme para hidratar o corpo. Creme para reduzir as rachaduras dos pés. Creme para esfoliar a pele. Creme para devolver o brilho aos cabelos. Creme rejuvenescedor para as mãos. Só ainda não inventaram dois: creme para alimentar o cérebro e creme para revitalizar a alma.

p.s.: Eu enviaria de presente para dezenas de pessoas velhas de mente e espírito.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Corações guardam desejo,
dor e
A
M
O
R

sábado, 22 de dezembro de 2007

Sal grosso canforado

Chá verde. Chá de camomila. A escolha para o café da manhã de domingo entregava seu confuso estado mental. Há exatas quatro semanas ela soubera de toda a verdade. O mundo não era mais belo e puro. Tornara-se mais feio e sujo. Mesmo assim ela continuava a amá-lo. O que a deixava confusa. Ela pensa em acender um incenso pra purificar o ar e, quem sabe, a alma. Não tem onde colocar. O que fizera com tantos incensários que ganhou e comprou ao longo da vida? Se desfez deles. É sempre assim. Ela se desfaz das coisas. Mas as vezes se arrepende. Tarde demais agora. Melhor pensar antes de jogar tudo fora.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Fábula torta - Parte I

Os espinhos da floresta não desencorajavam a princesa. Além do mais ela tinha poderes mágicos (de fada, guardado a sete chaves. Assim como as asas, sempre amarrradas dentro do vestido) aos quais podia recorrer em caso de perigo. Mas ela não imaginava que estava prestes a se tornar uma reles mortal. Ela caminhou, desceu e subiu montanhas. Umas verdes como esmeralda, outras alvas como glacê. Terceiras resguardavam nuances acinzentadas, com picos que pareciam perfurar o céu. Andou por duas, três, quatro, cinco horas. A sede foi inevitável. Mas ela não levara nada para beber. No meio da segunda curva após uma plantação de cogumelos mágicos ela avistou uma árvore totalmente diferente de todas as demais. Prateada, brilhava tanto que ela foi obrigada a usar óculos escuros para suportar a luz. Chegou perto, claro. Sim, era curiosa. E de nada tinha medo (ou de poucas coisas). Mesmo que aquele coelho de óculos continuasse, insistentemente, a observando de longe (atrás dos arbustos de flores azuis ela o notava). Para sua surpresa do tronco da árvore jorrava um líquido vermelho. Ela encostou o dedo e levou à língua um pouco daquela coisa. Era doce. E ela não gostava de doces. Mas aquele doce era especial. O sabor tocava o céu da boca, subia para o cérebro e descia para os membros para, em seguida, estremecer todo o corpo. No chão, uma surpresa: a mais linda taça de cristal que havia visto. Nem nos reinos mais longínquos que ela visitara não havia visto algo tão precioso. Não titubeou e pegou a taça. Cuidadosamente encheu-a com o líquido escarlate. Levou aos lábios já secos e entornou a taça.