terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Fábula torta - Parte I

Os espinhos da floresta não desencorajavam a princesa. Além do mais ela tinha poderes mágicos (de fada, guardado a sete chaves. Assim como as asas, sempre amarrradas dentro do vestido) aos quais podia recorrer em caso de perigo. Mas ela não imaginava que estava prestes a se tornar uma reles mortal. Ela caminhou, desceu e subiu montanhas. Umas verdes como esmeralda, outras alvas como glacê. Terceiras resguardavam nuances acinzentadas, com picos que pareciam perfurar o céu. Andou por duas, três, quatro, cinco horas. A sede foi inevitável. Mas ela não levara nada para beber. No meio da segunda curva após uma plantação de cogumelos mágicos ela avistou uma árvore totalmente diferente de todas as demais. Prateada, brilhava tanto que ela foi obrigada a usar óculos escuros para suportar a luz. Chegou perto, claro. Sim, era curiosa. E de nada tinha medo (ou de poucas coisas). Mesmo que aquele coelho de óculos continuasse, insistentemente, a observando de longe (atrás dos arbustos de flores azuis ela o notava). Para sua surpresa do tronco da árvore jorrava um líquido vermelho. Ela encostou o dedo e levou à língua um pouco daquela coisa. Era doce. E ela não gostava de doces. Mas aquele doce era especial. O sabor tocava o céu da boca, subia para o cérebro e descia para os membros para, em seguida, estremecer todo o corpo. No chão, uma surpresa: a mais linda taça de cristal que havia visto. Nem nos reinos mais longínquos que ela visitara não havia visto algo tão precioso. Não titubeou e pegou a taça. Cuidadosamente encheu-a com o líquido escarlate. Levou aos lábios já secos e entornou a taça.

3 comentários:

Anônimo disse...

De Chico Alvim:
"Conversa de Alice com Humpty Dumpty
- A questão é de saber
se uma palavra pode significar tantas coisas
- Não, a questão é de saber
quem manda".

Anônimo disse...

Conta o resto da história

Anônimo disse...

Não dá. Esse é o poema todo que está no livro "Elefante", de Francisco Alvim.